terça-feira, 15 de junho de 2010
Reajuste dos aposentados
A sanção do presidente Lula ao aumento de 7,7% aos aposentados aprovado pela Câmara dos Deputados provou, mais uma vez, que ele realmente sabe conduzir o jogo político da administração pública como ninguém. O que parecia um problema com potencial para prejudicar a sucessão presidencial desejada pelo presidente, já que toda equipe econômica do governo sempre alertou que esse índice de aumento não é sustentável para os gastos públicos, foi revertido (pelo menos no momento). Ao anunciar a sanção de Lula o ministro Guido Mantega revelou que o dinheiro extra sairá essencialmente dos gastos do governo com as emendas dos próprios parlamentares. Considerando-se todo o quadro eleitoral foi uma manobra fantástica. Se o presidente vetasse o aumento seria acusado pela oposição e pelos aposentados de não favorecer os mais necessitados, entre os quais certamente se incluem a grande maioria de nossos aposentados. O veto também acabaria por jogar a votação do aumento para perto das eleições, com o mesmo desgaste enorme. A aprovação, retirando dinheiro dos parlamentares, foi uma saída ótima para o governo, que não precisa comprometer seus próprios gastos sociais ao mesmo tempo em que silencia momentaneamente a oposição sobre tal assunto. Nenhum deputado vai querer aparecer na mídia criticando a decisão do governo que eles mesmos já haviam aprovado, ainda que isto signifique o corte nas verbas de suas próprias emendas. Não quer dizer que vão aceitá-lo simplesmente sem buscar alternativas, mas agora o ônus recai sobre eles.
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