Ok! Fui averiguar a polêmica e encontrei outro texto de Kfouri em seu blog, em que são realmente feitas críticas aos jogadores religiosos, contando inclusive com uma foto de Kaká ajoelhado em campo... Trata-se de uma tradução de artigo do San Francisco Chronicle, mas que ele traduziu sem adicionar nenhum outro comentário, sugerindo que concorda com seu teor, reproduzindo inclusive a mesma imagem de Kaká. No texto há uma afirmação de que a FIFA estaria "rezando para que o Brasil não ganhe a Copa.", por contar com a presença de Lúcio e Kaká, jogadores declaradamente evangélicos, uma vez que a instituição proibiu as manifestações religiosas nas comemorações, justificando que é sempre possível que as mesmas ofendam fiéis de outras religiões.
Até então tudo bem, mas Kfouri acabou deixando passar no texto uma certa vinculação entre o comportamento religioso e o comportamento irracional:
Sejamos intelectualmente sãos por um momento.
Sem dúvida, a Copa do Mundo é positivamente darwiniana – os mais fortes sobrevivem – onde nações de futebol em desenvolvimento podem agora estar maduras para arrancar o Manto Sagrado das mãos das poucas nações escolhidas – Brasil, Itália, Alemanha e Argentina.
(OK, basta. É Deus demais para um domingo…)
A irritação de Kaká veio, certamente, desses pontos todos.Outro texto de Kfouri, em que afirma que Kaká estaria sofrendo com uma lesão no púbis que deverá afastá-lo do futebol prematuramente, informação colhida pelo jornalista "segundo confidências de médico para médico que chegaram ao conhecimento da coluna horas antes de o Brasil enfrentar a Costa do Marfim.", deve também ter aumentado a insatisfação do jogador. Afinal, como atleta, ele depende da manutenção de uma imagem de saúde que atraia patrocínios.
Qual é o real problema então? De um lado temos os textos de Kfouri aqui apresentados, pelos quais o jornalista recebeu elogios e também muitas críticas diretamente em seu blog, tudo no melhor espírito da liberdade de expressão. De outro temos o desabafo de Kaká e a resposta de Kfouri, ambos também dentro da mesma liberdade. Cada um falou o que quis no momento que quis. Concordo que criticar uma religião não é o mesmo que censurá-la. Kaká se mostrou incomodado com o que considerou uma falta de respeito com sua fé, apontada, ainda que indiretamente, como irracional e autoritária (afinal nos estaria sendo imposta "goela abaixo"). Precisamos então pensar se a liberdade de religião existe e vem sendo respeitada. Não me parece que Kaká seja um defensor da censura e que Kfouri esteja em uma "cruzada" contra os jogadores evangélicos. Fica então a questão: proibir manifestações religiosas pacíficas (como as camisetas dos jogadores) não é o mesmo que estabelecer uma censura sobre o que pode ser expresso pelo indivíduo? Ou seja, se a fé é uma questão pessoal que depende, como tantas outras coisas, da opinião de cada um, limitar sua expressão não é o mesmo que praticar uma censura?
Nenhum comentário:
Postar um comentário