sábado, 5 de junho de 2010

Finalização do ataque

Com o ataque ao navio "Rachel Corrie" termina a abordagem de Israel à frota capitaneada pelo "Mavi Marmara", onde nove pessoas foram mortas na última segunda-feira. Isso pois o navio "Rachel Corrie" fazia parte da frota de seis navios atacados, mas ficou para trás por problemas técnicos, levando a premio Nobel da Paz Mairead Maguire e Denis Halliday, que foi subsecretário-geral da ONU. A ação foi conduzida sem a truculência original, mas não deixa de despertar interrogações. Um delas é sobre o que teria acontecido na segunda-feira se o "Rachel Corrie" também estivesse junto aos navios atacados. Como a ONU teria reagido se seu antigo subsecretário estivesse entre os atacados? Como o mundo reagiria ao ataque a uma premio Nobel da Paz? Tais questões abrem outras, uma delas sobre a intencionalidade de ambos ataques. Teria sido a violência estimulada justamente pela constatação da ausência dessas personalidades, de modo que Israel aproveitou a oportunidade de mandar um recado claro para toda a comunidade internacional? É certamente instigante perceber as diferenças nos dois ataques, que em um primeiro olhar pode parecer indicar o desejo do estado de Israel em não repetir a tragédia de segunda. Mas será mesmo? Um exército altamente treinado e equipado, com equipes de inteligência secreta, aborda seis navios, pessoas morrem, outras são humilhadas e agredidas, tudo resultado de um acaso desastrado? Será que o olhar da comunidade internacional teve algum peso na definição da condução do ataque ao "Rachel Corrie"? Parece-me pouco provável, afinal Israel já demonstrou não estar muito interessada no que dizem os demais países, confortando-se com os apoios costumeiros que sempre recebe. Aproveitar as oportunidades que surgem, isso sim parece-me mais provável para um Estado com tal aparato militar e de inteligência, para não falar de aliados poderosos que também contam com estruturas similares.

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