segunda-feira, 28 de junho de 2010

Alianças

A disputa interna na aliança de Serra pela escolha de seu companheiro de chapa revela uma realidade que parece ser típica do PSDB. O partido conta em seus quadros com cientistas sociais importantes no Brasil e no mundo, entre eles o próprio Fernando Henrique Cardoso. No entanto os tucanos, mais uma vez, falham na sua análise de contexto social e político, só que agora os erros parecem estar acontecendo antes mesmo do início da campanha.
Na disputa presidencial em 2002 apelaram para o discurso do medo de Regina Duarte. Nada mais fora da realidade! Com o real em crise, afetando em cheio a classe média, queriam convencer a população que o maior perigo era a escolha de Lula, isso depois de uma série de escândalos políticos que sequer foram investigados. Em 2006 repetiram a dose. Mas agora era o discurso da ética, enfatizando os escândalos do primeiro mandato de Lula, querendo convencer, outra vez, que o PSDB e seus aliados eram os símbolos da honestidade. Chegamos ao presente, 2010. Repete-se a já manjada aliança do PSDB com o agora DEM. Seria tudo como sempre, não fosse a polêmica gerada pelo próprio PSDB sobre a escolha do nome para vice de Serra. Por que arriscar um rompimento com o DEM ao indicar o nome de um tucano para vice? O senador Sérgio Guerra, PSDB-PE, quer agora que acreditemos que foi muito barulho por nada, que o nome de Álvaro Dias teria sido apenas uma sugestão, conforme matéria da Folha disponível no UOL. Ao mesmo tempo configura-se que a solução conciliatória acabará sendo a da permanência da indicação de Álvaro Dias, com o DEM aceitando algum outro tipo de vantagem na aliança. Será?
Tanta ansiedade por formar uma chapa "puro sangue" parece refletir, outra vez, a busca da construção da construção de uma imagem pura ao PSDB. Querem se afastar, pelo menos nas fotos dos outdoors, do DEM, um partido envolvido em inúmeros escândalos. Existem indicações de que vão tentar novamente o discurso da ética, mas com uma nova roupagem. Confiam muito naquele velho estereótipo de que o brasileiro tem memória curta, o mesmo que já os deixou na mão nas outras disputas. Será que se esquecem que na "era da informação" o passado se encontra a poucos cliques de distância? O PT já não pode disfarçar nada de sua aliança política, para o melhor e o pior. Já com os tucanos não sabemos o quanto custará o silêncio dos democratas...

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