sexta-feira, 23 de julho de 2010

A violência no Brasil através dos olhos do "Rambo"

Passei os olhos em uma dessas notícias de celebridades, que no caso era sobre Sylvester Stallone. Algumas localidades de seu novo filme, "Os Mercenários", foram rodadas no Rio de Janeiro. Durante evento na Comic-Con Stallone fez várias piadas de gosto duvidoso sobre o Brasil. Mas colocando de lado os comentários deploráveis do ator sobre um suposto comportamento subserviente dos brasileiros durante as filmagens, temos a seguinte declaração que merece um olhar mais atento:
"Os policiais de lá usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro; já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão problemático é aquele lugar"
Não podemos dizer que ele não tenha um pouco de razão. As técnicas do BOPE são conhecidas e fizeram muito sucesso nos cinemas nacionais. Tivemos o recente caso do menino morto por uma bala perdida dentro de sua sala de aula. Muitos mais poderiam ser lembrados. A caveira como símbolo de forças de policiais ou militares foi utilizado também pelos oficiais nazistas da SS, que comandava os Campos de Concentração e Extermínio. É um símbolo de violência, ainda mais quando "ornamentado" com algumas armas.
O que talvez tenha incomodado realmente nos comentários do ator não foi a constatação de nossa triste realidade de violência urbana. Stallone ficou famoso fazendo filmes que retratam o mesmo tipo de violência realizada pelo BOPE e com a mesma justificativa: defender os inocentes. Incomoda é o ator achar que gostamos de viver assim. Uma de suas falas foi a seguinte:
"Gravar no Brasil foi bom, pois pudemos matar pessoas, explodir tudo e eles diziam obrigado. Diziam 'obrigado, obrigado e leve um macaco'. Pudemos explodir vários prédios e todos ficaram felizes e ainda trouxeram cachorros-quentes para aproveitar o fogo"
 Na sua tentativa de "humor" reside o centro da irritação que provocou. Fomos responsabilizados pela continuidade da violência e das práticas de ilegalidade, como um povo que se aproveita das tragédias que acontecem. Mas é preciso que nossa indignação com as declarações sejam revertidas em cada vez mais numerosas demonstrações práticas do erro analítico de Stallone. Somente assim poderemos impedir a reprodução de comentários desse mesmo tipo e, acima de tudo, construir o país próspero em que todos desejamos viver.

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