Ser professor é realmente um desafio constante. Não bastassem as condições de trabalho já conhecidas os ataques contra a categoria se tornaram cada vez mais comuns. E não estou pensando hoje nas dificuldades no trato com pais, patrões e alunos. Explico. Os presidentes de várias centrais sindicais lançaram um manifesto conjunto para criticar algumas declarações feitas por José Serra. É evidente que o texto possui um caráter político, afinal estamos oficialmente em plena campanha. Assinam o texto os presidentes da CGTB, CTB, CUT, Força Sindical e da Nova Central, chamando atenção justamente a união de centrais sindicais muitas vezes antagônicas (como a CUT e Força Sindical).
Você já deve estar querendo saber onde vou chegar. Pois bem. O jornalista Josias de Souza publicou texto em seu blog atacando diretamente o manifesto, que foi desqualificado como sendo simplesmente uma peça montada por um sindicalismo pró-Dilma, mas sem que nenhum argumento do manifesto fosse realmente contestado. Para completar o ataque o jornalista aponta que a Apeoesp, associação que representa os professores da rede pública no estado de São Paulo, foi multada pelo TSE, que entendeu que os ataques feitos contra Serra durante a greve dos professores tinham um caráter político, ou seja, que visavam prejudicar a candidatura do tucano.
A Apeoesp não assina diretamente o manifesto criticado pelo jornalista. Então qual é o motivo de escolher o sindicato dos professores para ilustrar sua desqualificação do texto ao invés de um de seus signatários? Parece-me simples: é mais fácil criticar uma categoria que já vem sendo massacrada de todos os lados. Pretendeu utilizar a Apeoesp para indicar que os ataques contra Serra são somente resultado do processo político corrente, o que já teria sido reconhecido pela justiça.
Esqueceu somente de comentar da situação da nossa educação, do resultado vexatório do último Ideb, inclusive no estado que costumava ser governado por Serra. Os grevistas atacaram o governador em suas falas? Lógico! Quem mais seria lembrado? Parece que todos querem brigar para ficar com os créditos pelas obras construídas, mas ninguém quer assumir a responsabilidade pela gestão da educação pública em São Paulo, com média geral (somando todos os anos do ensino) de 4,4. E a culpa recai novamente nos professores e nos seu representantes que, pelo que parece, também já não possuem o direito de reclamar.
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