sexta-feira, 20 de agosto de 2010

As instituições e os indivíduos

Para que servem os partidos políticos? Os dados analisados pela Datafolha parecem indicar que não para muita coisa, pelo menos para uma boa parte dos eleitores. Observem as intenções de voto para governador e senador (lembrando que são duas vagas para senador) em alguns estados:
  • Minas Gerais - Hélio Costa (PMDB) tem 43% das intenções de voto para governador. Mas 74% dos eleitores de Hélio irão votar para senador em Aécio Neves (PSDB) e 56% em Itamar Franco (PPS). O candidato aliado de Hélio ao senado, Fernando Pimentel (PT), recebe 26% dos votos de seus eleitores.
  •  São Paulo - Geraldo Alckmin (PSDB) liderada para governador com 54%. Mas 29% dos eleitores que votam no tucano irão votar em Marta Suplicy (PT) para o Senado. Ela segue em primeiro lugar no estado, com 32% do total.
  •  Rio de Janeiro - Sérgio Cabral (PMDB) segue em primeiro lugar para governador, com 57%. Mas 45% de seus eleitores devem votar em Marcelo Crivella (PRB) e 39% em Cesar Maia (DEM) para o Senado. 
A matéria ainda mostra a mesma situação ocorrendo na Bahia e no Paraná. Aparentemente não há então uma grande preocupação de parcela do eleitorado brasileiro em considerar os programas partidários na definição do voto. Votam no candidato e não exatamente no partido. Confiam na pessoa mas não na instituição... Não consigo deixar de pensar na imagem do "homem cordial", elaborada por Sérgio Buarque de Holanda. Em uma nação em que as instituições representam interesses privados, resta à população a cordialidade, expressa nas relações pessoais, como o mecanismo para conseguir ter acesso ao que deveria ser público. As instituições então não são confiáveis, pois agregam uma gama variada de pessoas que não conhecemos diretamente. Mas é possível buscar indivíduos específicos dentro delas. Se eles serão os melhores ou não para o cargo é questão para outra reflexão...

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