quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Esquerda esfarelada

Na briga interna da esquerda a realidade está perdendo feio, igualzinho quando a direita abre a boca. Então no espirito de organizar as coisas, segue! Haddad teve 29,28% dos votos no primeiro turno. Ciro teve 12,47%. No segundo turno Haddad subiu para 44,87%, uma diferença de 15,59% do primeiro. Todos os outros candidatos juntos no primeiro turno receberam 12,22% dos votos. O MiJair Bolsolixo recebeu 46,03% no primeiro turno e 55,13% no segundo, um ganho de 9,1%. E agora fica interessante... Subtraindo os 15,59 que o Haddad cresceu dos 12,47% do Ciro temos 3,12% de diferença. Subtraindo essa diferença de 3,12% dos 12,22% de votos dos outros candidatos temos 9,1%, o mesmo valor que o Bolsolixo cresceu no segundo turno (claro que é uma coincidência numérica, a transição de votos não é automática). Lembro que os outros candidatos de esquerda receberam juntos 1,66% dos votos, indicando que pessoas que votaram em candidatos fora da esquerda migraram para Haddad, já que o total de brancos, nulos e abstenções aumentou no segundo turno em 1,75% (de 29,12% para 30,87%). Ainda que existam possíveis casos bizarros de migração de votos o resultado final não mente. Aliás a verdadeira migração bizarra de votos foi daquelas pessoas que votariam somente no Lula e migraram para o Bolsolixo quando o petista foi impedido, que segundo pesquisa divulgada na época representavam cerca de 6,2% dos eleitores de Lula (https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45323102). Se alguém acha mesmo que Haddad não recebeu a imensa maioria dos votos de quem votou no Ciro por causa da viagem para a Europa é um alguém fora da realidade. Claro que foi um gesto pequeno de Ciro, faltou-lhe visão e sobrou fúria. Mas também faltou em toda esquerda, que não foi capaz de convencer aqueles 30,87% de nulos, brancos e abstenções. A viagem para a Europa certamente não foi o motivo da derrota. Perder tempo com essa briga é um triste sinal do abismo profundo em que nos encontramos.

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