domingo, 5 de novembro de 2017
Em um copo de cerveja
segunda-feira, 1 de maio de 2017
A entrevista que nunca saiu
(2) O atual momento político apenas reforça a ilegitimidade das medidas aprovadas. Estamos em uma crise política enorme, com um presidente com 4% de aprovação e que chegou ao poder em um golpe. Sem a queda do governo Dilma dificilmente tais medidas estariam sendo aprovadas. E não são necessárias em sentido nenhum. É tudo uma grande farsa! Os políticos que estão no governo são praticamente os mesmos que estavam antes! Se as políticas de Dilma estavam erradas foram eles que as aprovaram! E foram eles mesmos que pararam de votar qualquer coisa no auge da crise política, inviabilizando qualquer medida de contenção da crise econômica. Agora aparecem gritando que é tudo responsabilidade do governo anterior, que já caiu há mais de um ano! Mas eles eram o governo anterior! Sempre foram. E a promessa dos empresários que hoje defendem a reforma trabalhista era, justamente, que a recuperação econômica aconteceria em um mês após a derrubada de Dilma. Agora defendem que o trabalhador é o problema, que ele custa muito caro. Só não vemos qualquer um deles falando em aumento salarial!
sexta-feira, 31 de março de 2017
Memória de quando tínhamos direitos...
Lembrei da madre Maria. Era diretora do colégio religioso onde estudei com bolsa pois minha mãe trabalhava ali como professora. Madre Maria era rigorosa. Quando ficava sabendo que um professor não tinha matriculado os filhos no colégio chamava o mesmo para conversar. É que ela achava um absurdo quando algum dos seus professores não matriculava ali seus filhos. Dizia que era a melhor prova da qualidade de ensino de uma escola: que todos os professores tivessem seus filhos estudando nela! E todos tinham bolsa, conforme determinava o acordo coletivo. Lembrei dela, muito, quando vi que o sindicato patronal não assinou a convenção coletiva dos professores, que venceu e deixou de valer levando com ela a obrigatoriedade das bolsas para filhos de professores (além de vários outros direitos). Palmas para você, professor, trabalhador, que aplaudiu o golpe! Imbecil.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
Generalizações
As redes sociais ajudaram a proliferar categorias genéricas que não dizem nada. Nenhuma novidade, as pessoas sempre fizeram isso. Falamos "os brasileiros", "os americanos", "os japoneses", "os alemães", como se todos os cidadãos destes países fossem iguais, pensassem igual. Mas creio que a principal categoria genérica de hoje é a dos "petistas". Sempre que alguém quer criticar algo na política, na direita e na esquerda, surge a categoria. Criticou o desmonte da constituição promovido pela ação do Moro? Petista! Elogiou o governo Lula? Petista! Pediu #ForaTemer? Petista! Falou em golpe? Petista! Daqueles identificados com a direita mais furiosa não se espera outra coisa mesmo além disso. Mas o interessante é o discurso que circula nas esquerdas. Toda hora aparece alguém para afirmar que "os petistas" precisam parar de acreditar que o PT não fez nada de errado. Que a esquerda precisa se libertar do PT. Que após cada crítica feita ao atual governo ilegítimo precisa afirmar que "não é petista", já assumindo que a expressão assumiu carácter generalizante de algo ruim... Interessante. Não conheço nenhum petista ou simpatizante, do meu círculo, que não seja crítico do que aconteceu no PT nas últimas décadas. Que não veja com tristeza nomes ligados ao partido, muitas vezes nomes obscuros para a grande maioria dos militantes, envolvidos em denúncias diversas. Que não tenham se decepcionado com certas decisões do partido. Mas para quê saber disso! Melhor fazer como a direita e generalizar. Ou então falam para a pessoa abandonar, partir para outra... Interessante que isso tudo vem acompanhado de uma crítica bem pouco reflexiva sobre a questão da política de coalizão. É evidente que existem problemas em tal modelo, mas são problemas sempre presentes na política, em qualquer sistema político! E qual é alternativa oferecida? Na direita ressurge dos esgotos o discurso da ditadura, do eu mando, eu bato, eu mato. Em setores da esquerda um purismo ideológico que imagina que vamos conseguir passar para algum tipo de comunitarismo de assembleia... E o diálogo, o respeito ao diverso, a busca de entendimento em meio às diferenças não é justamente a formação de coalizões? A corrupção como fenômeno social transcende os modelos de governo, pois pode e está presente em qualquer lugar. É verdade que o PT precisa se recriar, mas não é menos verdadeiro isto para todos os demais partidos de esquerda, para todos que estão indignados com o desmonte de direitos tão duramente conquistados. Tempo de recriarmos a nós mesmos e retomarmos, em todos os espaços, o que nos foi roubado.
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
Nas paredes
Em toda a história, toda mesmo, desde que o homem começou a se expressar, ele pinta paredes. Nas cavernas. Em Roma, no coliseu, os gladiadores escreviam nas paredes seus recados aos poderosos... Nas ruas da França da Revolução. Em todas as guerras mundiais. Em toda trajetória do movimento operário. Nem toda pixação é um ato aleatório de destruição do espaço público. Ela é também uma forma de manifestação, de setores populares tomarem o espaço público com seu recado. Uma forma de se expressar quando tudo falha. Mas aqui no Brasil juntamos tudo num pacote bipolar: grafite é bom/pixação é ruim. Como se toda pixação fosse a mesma coisa. Como se a arte fosse limitada à uma forma única de se expressar. E dá-lhe tinta em tudo. Como se o cinza do Doria também não fosse uma forma de expressão do autoritarismo da atual prefeitura de São Paulo. Por que cinza? Por que não várias cores? É...
domingo, 15 de janeiro de 2017
Ao invés...
Ao invés de combater a corrupção o Brasil optou por acabar com as estatais, ao invés de uma reforma política o Brasil optou pelo autoritarismo, ao invés de acabar com o corporativismo o Brasil optou por acabar com os funcionários públicos, ao invés de investir em Pesquisa e educação o Brasil optou por acabar com as universidades públicas, ao invés de taxar as grandes fortunas o Brasil optou por acabar com direitos dos mais pobres... Era sobre tudo isso e muito mais que estávamos falando quando as panelas soaram e os patos dançaram nas ruas, deixando todos surdos à razão e abertos para o fascismo fácil e burro dos Bolsonaros.