Devem existir limites nas informações que são divulgadas nos meios de comunicação? Alguém que divulgue documentos confidenciais de qualquer governo deve ser considerado um espião, um traidor ou um simplesmente um defensor da liberdade de informação? Esse é o debate ao redor de Julian Assange, criador do site especializado em divulgar documentos confidenciais, o WikiLeaks. Ele hoje vive como um foragido, pois governos como o dos EUA desejam detê-lo para interrogatórios.
Mas não somente os governos que questionam a atividade de Assange e seus associados. Matéria do Der Spiegel divulgada pelo UOL, revela que mesmo parte da grande imprensa parece questionar os interesses que o movem. Basta ver o questionamento proposto no título da matéria: O WikiLeaks é benção ou maldição para a democracia?, e também um subtítulo no meio da matéria: Entregando os informantes. A matéria, apesar do título, não discute o papel do acesso à informação no sistema democrático, na verdade não aborda nada sobre a questão do funcionamento da democracia no mundo. E ainda deixa sugerido que o WikiLeaks é uma ameaça aos seus próprios informantes, como é o caso do soldado norte-americano Bradley Manning, que foi preso acusado de divulgar informações para o site.
A matéria discute também quais seriam os critérios empregados por Assange e sua equipe para selecionar o que deve ser divulgado.
Parece-me que mais do que questionar os interesses envolvidos na elaboração do site é necessário questionar os interesses daqueles que repassam as informações confidenciais ao mesmo. Configura-se uma rede de informantes que estão vazando relatórios confidenciais, frequentemente com a justificativa de estarem atuando em favor da verdade e da liberdade. Será mesmo? Realmente parece questionável. Mas com a mídia oficial temos o mesmo problema! Os jornais possuem fontes de informação espalhadas em todas as esferas do poder. Pode ser o assessor de um político, o escrivão de uma delegacia, o funcionário de um fórum, enfim! Mas há algo interessante com o WikiLeaks: as autoridades reclamam das atividades do site, mas não questionam a veracidade dos documentos divulgados...
Qual é o incômodo então com o WikiLeaks? Que eles são uma fonte de divulgação de informações que governantes não desejam ver publicadas, uma vontade que a grande mídia parece não se importar em respeitar. Com tantos políticos proprietários ou sócios em veículos de mídia pelo mundo, controlando sabe-se lá de que maneira a divulgação das informações, que venham mais e mais WikiLeaks.
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