Saiu o livro de Amaury Ribeiro, "A privataria tucana", sobre a corrupção do governo FHC nas privatizações, envolvendo inclusive o nome de Serra, que por sinal fez tudo que estava ao seu alcance para impedir a publicação. Onde estão agora os defensores da liberdade de imprensa? Todos que gritaram e levantaram suas vozes contra o PT e a discussão da lei de imprensa? Quero ver outro editorial do Estadão defendendo a ética na política, o voto em Serra e, claro, a luta contra a censura. Quero um editorial indignado no Jornal Nacional defendendo a liberdade e informação. Onde está a Veja até agora? Paladinos da liberdade de imprensa! Estamos bem arranjados!
sábado, 10 de dezembro de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Bodas e assassinatos
E por onde começar? Vamos pela tal "onda de democracia" no Oriente Médio, começando pelo Egito, onde muito se falou sobre o papel das redes sociais na mobilização popular. Elas realmente tiveram um papel, de facilitar a comunicação entre uma parte dos manifestantes. Mas o movimento aconteceu pois a população como um todo, não somente os ligados nas redes, estavam insatisfeitos com o governo. Existiram então os conflitos mas essencialmente o presidente não tinha apoio de ninguém para ficar no poder. Logo começaram a falar da expansão do movimento para outros países, a tal onda democrática. Esqueceram somente que os processos sociais não funcionam dessa maneira. Países diferentes, povo diferente, interesses diferentes e temos a crise na Líbia, com um país fragmentado. Lá o movimento não teve, desde o começo, a mesma dimensão do ocorrido no Egito. Mas a onda atende a interesses de vários tipos, principalmente econômicos em ima região de petróleo.
Vimos então a morte de Bin Laden, provavelmente assegurando ao Obama o segundo mandato que antes parecia ameaçado. O Obama que surge após o assassinato de Bin Laden é muito mais interessante para uma parcela da população norte-americana, aquela de essência conservadora mas sem uma definição definitiva pelos Republicanos. Ninguém mais pode duvidar da disposição ao uso da força em seu governo e de maneira mais eficiente do que nos tempos furiosos do republicano Bush, que dividia o mundo entre bons e maus... E tudo ocorreu, pelo menos na mídia, logo após o casamento do príncipe inglês! Difícil crer que os ingleses, aliados de primeira hora dos norte-americanos, não sabiam realmente de nada. O casamento revigorou a combalida monarquia inglesa, o assassinato fez o mesmo pelo governo democrata de Obama. Enquanto isso o Oriente Médio continua tentando se adaptar aos sentidos da democracia ocidental.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Combatendo os faraós
Chamou a atenção na crise do Egito uma notícia sobre "saques" ocorridos no Museu Egípcio. Em meio às manifestações populares para que o presidente Hosni Mubarak, que governa o Egito há 30 anos, saia do poder um grupo de pessoas invadiu o museu. Não saquearam nada como a matéria divulgada pela Reuters sugere no título, mas destruíram duas múmias.
Interessante simbolismo! Assim como o atual presidente do Egito os faraós também permaneciam por anos no poder... O povo nas ruas pede a saída do presidente e ao mesmo tempo decide atacar as múmias no museu, que lembram a estrutura social de uma sociedade em que o faraó mandava e os demais obedeciam, em que aqueles que podiam pagar pela mumificação teriam assegurada a vida eterna, enquanto aos demais restava o trabalho.
O presidente do Egito está no poder há 30 anos e confesso que somente agora vejo o noticiário abordar tal fato como um problema capaz de gerar descontentamento na população, em atritos que já mataram pelo menos 73 pessoas.
É realmente um mundo de pesos e medidas diferenciadas de acordo com os interesses políticos e econômicos dos mais fortes.
Interessante simbolismo! Assim como o atual presidente do Egito os faraós também permaneciam por anos no poder... O povo nas ruas pede a saída do presidente e ao mesmo tempo decide atacar as múmias no museu, que lembram a estrutura social de uma sociedade em que o faraó mandava e os demais obedeciam, em que aqueles que podiam pagar pela mumificação teriam assegurada a vida eterna, enquanto aos demais restava o trabalho.
O presidente do Egito está no poder há 30 anos e confesso que somente agora vejo o noticiário abordar tal fato como um problema capaz de gerar descontentamento na população, em atritos que já mataram pelo menos 73 pessoas.
É realmente um mundo de pesos e medidas diferenciadas de acordo com os interesses políticos e econômicos dos mais fortes.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Ignorando a ciência
Quem já fez uma reforma grande ou construiu uma casa vai provavelmente identificar esta imagem: as paredes são erguidas e rebocadas, então é feito o chamado "recorte" (em que a parede novinha é quebrada...) para passar fios ou mesmo algum encanamento nas paredes. Obras mais recentes, quando feitas sob supervisão de engenheiros e pedreiros qualificados, não realizam tal procedimento. Os canos e fios já são planejados previamente, de modo que não é necessário quebrar as paredes depois de prontas, economizando muito material.
A situação anterior é o retrato de algo que falta no Brasil: planejamento que leve em consideração as contribuições da ciência. Pois existe ciência aqui e, se procurarmos bem, também existem planejamentos dos mais diversos. Mas falta o diálogo entre ambos. Falta também que sejam considerados com maior seriedade. Existe um certo sentimento de que os cientistas são aqueles que fazem teorias que muitas vezes não possuem qualquer finalidade. Que os cientistas não se preocupam com a prática, com a ação que, no final, é o que realmente faz as coisas acontecerem. A maioria da pessoas que vão construir um imóvel não procuram um engenheiro desde o começo da obra. Vão procurar o pedreiro, que tem a experiência em construir. O engenheiro, profissional qualificado pelos conhecimentos científicos, aparece somente como a pessoa que precisam pagar para assinar uma planta no caso de regularização da construção (que muitas vezes não é feita).
A situação se repete com profissionais de vários outros campos. Cientistas Sociais produzem diversos conhecimentos sobre a nossa sociedade, mas dificilmente eles serão considerados no momento de elaboração das políticas públicas, definidas ao sabor dos favorecimentos e interesses políticos. Lembro de uma cena do primeiro "Tropa de Elite", quando o personagem Matias elabora um mapeamento estatístico das regiões da cidade que precisam de policiamento mais intensivo, mas que é descartado como algo inútil pelo oficial responsável. Mesmo considerando-se a presença de interesses políticos e econômicos tal situação também retrata o lugar reservado para o conhecimento científico em contextos de corrupção.
Podemos ver o mesmo acontecer na educação, onde a situação fica ainda mais exemplar. Os professores são profissionais que receberam qualificação universitária (claro que ainda temos exceções por conta de situação caótica da educação pública) e que atuam na prática, ou seja, receberam os conhecimentos científicos e atuam na sua transmissão. Exercem uma função que é teórica e prática (ainda que muitos acreditem que não). Mas não são eles os consultados no momento da elaboração das políticas públicas de educação. Torço aqui para que o discurso de posse de Dilma se concretize (ela afirmou o seguinte: "Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.").
E temos as chuvas, mais uma vez, gerando imagens dramáticas que todos os anos desejamos que não voltem a acontecer. Mas o tempo passa e chega um novo Janeiro e com ele a repetição. Não vou falar sobre os usos e ganhos políticos da rotina das tragédias no Brasil. Mas tudo que se falou até agora sobre os deslizamentos das encostas de montanhas é repetição do que foi dito e explicado no ano passado com as mortes em Angra dos Reis. Terrenos instáveis que não deveriam jamais ser ocupados ou alterados pelo homem. Alertas da meteorologia que mesmo quando emitidos não desencadeiam ações capazes de minimizar as mortes.
Tudo se relaciona. O descaso com as informações técnicas e científicas e o desempenho de nossos estudantes. Um ensino precário formará profissionais precários que não conquistarão a confiança geral. É um ciclo que só pode gerar catástrofes. Romper esse e tantos outros ciclos problemáticos é o desafio que não podemos adiar. Ou então teremos outros Janeiros de tragédias anunciadas.
A situação anterior é o retrato de algo que falta no Brasil: planejamento que leve em consideração as contribuições da ciência. Pois existe ciência aqui e, se procurarmos bem, também existem planejamentos dos mais diversos. Mas falta o diálogo entre ambos. Falta também que sejam considerados com maior seriedade. Existe um certo sentimento de que os cientistas são aqueles que fazem teorias que muitas vezes não possuem qualquer finalidade. Que os cientistas não se preocupam com a prática, com a ação que, no final, é o que realmente faz as coisas acontecerem. A maioria da pessoas que vão construir um imóvel não procuram um engenheiro desde o começo da obra. Vão procurar o pedreiro, que tem a experiência em construir. O engenheiro, profissional qualificado pelos conhecimentos científicos, aparece somente como a pessoa que precisam pagar para assinar uma planta no caso de regularização da construção (que muitas vezes não é feita).
A situação se repete com profissionais de vários outros campos. Cientistas Sociais produzem diversos conhecimentos sobre a nossa sociedade, mas dificilmente eles serão considerados no momento de elaboração das políticas públicas, definidas ao sabor dos favorecimentos e interesses políticos. Lembro de uma cena do primeiro "Tropa de Elite", quando o personagem Matias elabora um mapeamento estatístico das regiões da cidade que precisam de policiamento mais intensivo, mas que é descartado como algo inútil pelo oficial responsável. Mesmo considerando-se a presença de interesses políticos e econômicos tal situação também retrata o lugar reservado para o conhecimento científico em contextos de corrupção.
Podemos ver o mesmo acontecer na educação, onde a situação fica ainda mais exemplar. Os professores são profissionais que receberam qualificação universitária (claro que ainda temos exceções por conta de situação caótica da educação pública) e que atuam na prática, ou seja, receberam os conhecimentos científicos e atuam na sua transmissão. Exercem uma função que é teórica e prática (ainda que muitos acreditem que não). Mas não são eles os consultados no momento da elaboração das políticas públicas de educação. Torço aqui para que o discurso de posse de Dilma se concretize (ela afirmou o seguinte: "Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens.").
E temos as chuvas, mais uma vez, gerando imagens dramáticas que todos os anos desejamos que não voltem a acontecer. Mas o tempo passa e chega um novo Janeiro e com ele a repetição. Não vou falar sobre os usos e ganhos políticos da rotina das tragédias no Brasil. Mas tudo que se falou até agora sobre os deslizamentos das encostas de montanhas é repetição do que foi dito e explicado no ano passado com as mortes em Angra dos Reis. Terrenos instáveis que não deveriam jamais ser ocupados ou alterados pelo homem. Alertas da meteorologia que mesmo quando emitidos não desencadeiam ações capazes de minimizar as mortes.
Tudo se relaciona. O descaso com as informações técnicas e científicas e o desempenho de nossos estudantes. Um ensino precário formará profissionais precários que não conquistarão a confiança geral. É um ciclo que só pode gerar catástrofes. Romper esse e tantos outros ciclos problemáticos é o desafio que não podemos adiar. Ou então teremos outros Janeiros de tragédias anunciadas.
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