Não estou aqui para defender a mercantilização da pesquisa acadêmica. Nem para dizer que os pós-graduandos com sinais de depressão não precisam de apoio. Mas a questão de fundo passa por toda uma reformulação da estrutura acadêmica que é muito maior do que a pressão por publicar. Fazer ciência é uma atividade pretensiosa. Você quer descobrir, encontrar novas respostas, novas formas de fazer, revelar o que ninguém viu. É pretender muito! E hoje, com as tecnologias de comunicação e compartilhamento, a pretensão é ainda maior! Pois para descobrir algo novo no mundo de hoje não é fácil! Há uma infinidade de textos para serem lidos sobre tudo! Então há uma pressão normal em toda pesquisa nesse sentido: ser original e contribuir para o crescimento do conhecimento da humanidade não é tarefa simples! Em qualquer área diga-se! Então sempre teremos cientistas com depressão, do mesmo modo que temos poetas com depressão, artistas, cantores, etc... Todos que tentam criar algo novo. O problema então não é exatamente esse. O problema é uma estrutura, relacionada sim ao sistema produtivo do capital, no qual se entende que a pessoa precisa ser genial sempre e produzir novidades constantemente. É impossível! O erro, este aliado indispensável do avanço da ciência, aparece como pecado mortal! Toda pesquisa precisa dar certo e ponto! Esse é o lema! Mas ele não é real! Toda pesquisa parte de uma hipótese, que pode ou não ser verdadeira em escala! Ou seja, o pesquisador pode chegar no final do trabalho e perceber que sua hipótese estava errada, ou parcialmente certa, enfim! Isso não deveria ser um problema, pois os erros de uma pesquisa auxiliam no desenvolvimento das próximas! Mas na estrutura criada não é bem assim! A não comprovação da hipótese aparece como pecado que reprova o pesquisador na banca final. Ele não recebe o título depois de anos de trabalho. Daí uma parte da dificuldade dos alunos entenderem a importância da descrição dos métodos, das etapas, pois o meio acadêmico afirma que, no final, o que importa é o resultado. Claro que essa realidade não ajuda a pessoa que já está depressiva diante da tarefa que se colocou de produzir conhecimento... Mas não para aqui! Não! Temos as revistas, os índices de qualidade! As boas revistas, de qualidade elevada, costumam reservar seus limitados espaços para os pesquisadores de ponta, famosos, que vão ajudar a própria revista. Ou para os orientandos de tais pesquisadores, afinal estes frequentemente são os pareceristas dessas mesmas revistas... E são poucos exemplares por ano. É uma briga de grupos: eu publico o seu você publica o meu... Eu cito você e você me cita. Eu aprovo seu aluno aqui você aprova o meu aí. E o erro possível e necessário ao avanço da ciência se consolida como o pecado que condena o pesquisador ao ostracismo intelectual! Claro que não é assim sempre, que existem os casos que fogem de tal realidade. Mas a existência dessa realidade é suficiente para por todo o sistema em pressão. E dá-lhe depressão!
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
domingo, 31 de maio de 2015
O valor do trabalho
Notícia da Folha de hoje afirma que "Um trabalhador americano produz como quatro brasileiros".
TÍPICA NOTÍCIA RIDÍCULA! Pois só faltou explicar que um trabalhador norte-americano que receba o mínimo pago nos EUA ganha 10 vezes mais que o valor do nosso salário mínimo (calculados com o câmbio de hoje). Então a verdadeira notícia deveria dizer que precisamos de dez trabalhadores brasileiros para ganhar como um trabalhador americano. Ou então revelar que para essas empresas vale muito a pena vir para o Brasil! Pois contratando quatro brasileiros elas vão pagar menos por mês do que pagariam para um norte-americano e terão a mesma produtividade. No final das contas, mesmo que precisem contratar mais brasileiros elas ainda economizam cerca de 60% com custos de mão-de-obra ao se instalarem aqui!!! E ainda querem que o trabalhador brasileiro produza como um norte-americano mas ganhando como um brasileiro o que elevaria tal economia para 90%!! E estou subestimando os números!
TÍPICA NOTÍCIA RIDÍCULA! Pois só faltou explicar que um trabalhador norte-americano que receba o mínimo pago nos EUA ganha 10 vezes mais que o valor do nosso salário mínimo (calculados com o câmbio de hoje). Então a verdadeira notícia deveria dizer que precisamos de dez trabalhadores brasileiros para ganhar como um trabalhador americano. Ou então revelar que para essas empresas vale muito a pena vir para o Brasil! Pois contratando quatro brasileiros elas vão pagar menos por mês do que pagariam para um norte-americano e terão a mesma produtividade. No final das contas, mesmo que precisem contratar mais brasileiros elas ainda economizam cerca de 60% com custos de mão-de-obra ao se instalarem aqui!!! E ainda querem que o trabalhador brasileiro produza como um norte-americano mas ganhando como um brasileiro o que elevaria tal economia para 90%!! E estou subestimando os números!
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